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‘Um Completo Desconhecido’: o que é real e o que é ficção na cinebiografia de Bob Dylan?
Longa estreia na próxima quinta-feira (27), exclusivamente nos cinemas

[CUIDADO! ESTE TEXTO CONTÉM SPOILERS DO FILME “UM COMPLETO DESCONHECIDO”]
Em exatamente uma semana, “Um Completo Desconhecido”, cinebiografia do lendário cantor Bob Dylan, finalmente realiza sua chegada às telonas do Brasil.
Ambientado na influente cena musical de Nova York do início dos anos 1960, a produção segue a ascensão meteórica do músico de Minnesota como cantor folk, até as salas de concerto e o topo das paradas. Suas canções e mística se tornaram uma sensação mundial, culminando na performance inovadora de rock'n'roll no Newport Folk Festival, em 1965.
Estrelado por Timothée Chalamet na pele do artista, o filme conta com direção de James Mangold que, junto ao roteiro assinado por Jay Cocks, busca mostrar a evolução artística e pessoal de Dylan nos momentos-chave de sua carreira.
Repleto de episódios memoráveis da trajetória do astro, tanto públicos quanto de sua vida privada, o longa pode despertar algumas dúvidas nos fãs. Neste artigo, separamos 10 questões abordadas em “Um Completo Desconhecido”, destacando o que é real e o que é ficção na trama do filme. Confira:
1 | DYLAN CONTOU COM A AJUDA DE WOODY GUTHRIE E PETE SEEGER NO INÍCIO DA CARREIRA?
No começo do filme, Dylan toma uma atitude inusitada: vai até o hospital onde seu ídolo, Woody Guthrie (Scoot McNairy), está internado e canta para ele. A performance impressiona tanto Guthrie quanto Pete Seeger (Edward Norton) que, também presente no local, passa a apadrinhar Dylan.
Embora ambos realmente visitassem Guthrie, portador de uma doença cerebral, a maneira como Dylan obteve sua primeira oportunidade foi diferente. O cantor se destacou após uma apresentação em um clube de Nova York, quando recebeu uma crítica positiva de Robert Shelton, do jornal The New York Times. O texto atraiu a atenção da Columbia Records e o ajudou a assinar seu primeiro contrato com uma gravadora.
2 | PETE SEEGER FOI MENTOR DE DYLAN?
Em “Um Completo Desconhecido”, Pete Seeger é retratado como o principal apoioador de Dylan no início de sua carreira, papel que ele nunca desempenhou formalmente.
Seeger de fato foi uma grande influência, oferecendo oportunidades para Dylan se apresentar – foi em uma festa organizada por ele que o artista estreou em um palco diante de uma multidão.
Contudo, a relação entre eles não era tão próxima quanto o filme sugere: ao contrário da convivência diária exibida, a relação entre os dois foi mais pontual e menos íntima, sendo adaptada por Mangold para centralizar o enredo em ambos.
3 | SYLVIE RUSSO EXISTIU?
O principal caso amoroso de Dylan no filme é com Sylvie Russo, interpretada por Elle Fanning. Embora a personagem jamais tenha existido, Sylvie carrega algumas características de Suze Rotolo, ex-namorada do cantor.
Muitos aspectos de Sylvie são inspirados em Suze, como ser a responsável por introduzir o cantor às causas políticas. Quando se conhecem, Suze já trabalha para o Congresso de Igualdade Racial (CORE), envolvida em ações e comícios, sendo a responsável por apresentar tal universo a Dylan.
4 | COMO BOB DYLAN E JOAN BAEZ SE CONHECERAM?
Outro relacionamento amoroso de Dylan que ganha destaque na cinebiografia é o com a também cantora, Joan Baez, vivida por Monica Barbaro. Em “Um Completo Desconhecido”, o primeiro encontro da dupla acontece antes de um show, quando Dylan tece um elogio à futura namorada.
O momento romanceado tem algumas semelhanças com o que de fato aconteceu. Dylan e Baez se conheceram em 1961 no Gerde’s Folk City, recanto de música em Nova York. Ela havia viajado de Boston até Nova York para participar de um protesto e, já estando lá, decidiu conferir a performance de um jovem cantor de quem já havia ouvido falar, ficando impressionada com sua presença de palco.
5 | O GUITARRISTA AL KOOPER TOCANDO TECLADO EM "LIKE A ROLLING STONE"
Um momento marcante do filme ocorre durante a gravação da clássica “Like a Rolling Stone” (1965), quando o lendário Al Kooper, papel desempenhado por Charlie Tahan, entra no estúdio se apresentando como guitarrista, mas logo é informado de que a banda já tem um.
Kooper então vai para o piano e cria um dos trechos mais marcantes da música, quase que instantaneamente. Ele de fato colaborou com essa parte, mas ao contrário da forma apressada exposta no filme, a banda precisou gravar diversas vezes, até que a música encontrasse a forma como a conhecemos.
6 | REJEIÇÃO DO PÚBLICO NO NEWPORT FOLK FESTIVAL, EM 1965
A cena final de “Um Completo Desconhecido” mostra Dylan em sua histórica performance no Newport Folk Festival, em 1965. Determinado a tocar suas novas canções, marcadas pelo uso de instrumentos elétricos e ritmo mais acelerado, semelhante ao rock’n roll, o astro e sua banda contrariaram a decisão da organização do evento de tocar apenas as músicas mais famosas.
Como resultado por fugir do habitual gênero folk, caracterizado pela voz acompanhada de um violão, o grupo foi recebido por uma mistura de reações fervorosas, alternando entre aplausos e vaias dos espectadores, o que deixou os produtores enfurecidos.
A situação de fato ocorreu. O filme, inclusive, retrata fielmente o momento em que o cantor retorna ao palco para cantar a famosa “It’s All Over Now, Baby Blue” (1966), para acalmar os ânimos dos presentes e satisfazer os fãs.
7 | UM FÃ REALMENTE CHAMOU DYLAN DE “JUDAS”?
No decorrer da apresentação no Newport Folk Festival, um fã exclama: “Judas!”, irritado com a atitude de Dylan no palco. Rapidamente, o cantor responde: “Eu não acredito em você. Você é um mentiroso.” O diálogo ocorreu, mas não durante o famoso festival: o show em questão foi realizado no Reino Unido, um ano depois. Mangold retratou a passagem no filme para simbolizar a revolta do público contra a transformação de Dylan em um “roqueiro”.
8 | A AMIZADE ENTRE BOB DYLAN E JOHNNY CASH
Um dos maiores incentivadores do cantor em “Um Completo Desconhecido” é Johnny Cash, interpretado por Boyd Holbrook. O longa retrata a relação entre os artistas através de uma série de trocas de cartas, hábito que eles realmente adquiriram. Algumas dessas cartas, inclusive, estão preservadas até hoje.
9 | CASH AJUDOU DYLAN A SE APRESENTAR NO NEWPORT FOLK FESTIVAL?
No filme, Dylan, prestes a subir ao palco do evento, está dividido entre seguir sua vontade ou ceder à pressão dos produtores para tocar suas músicas tradicionais. Em uma cena, Johnny Cash, embriagado, bate seu carro no estacionamento do hotel e, em seguida, encoraja Dylan a seguir seu caminho.
No entanto, esse episódio jamais aconteceu: Cash se apresentou no festival no dia anterior e já havia deixado a cidade.
10 | DYLAN PARTICIPOU DE UM PROGRAMA DE TV COM PETE SEEGER?
Em uma sequência, Dylan chega atrasado a um programa de televisão apresentado por Seeger, mas o fato jamais ocorreu. Jesse Moffete, personagem interpretado por Big Bill Morganfield, é quem acaba substituindo Dylan na gravação. Assim como o restante da cena retratada, Moffete também é um personagem que nunca existiu.
“Um Completo Desconhecido” estreia em 27 de fevereiro, exclusivamente nos cinemas – garanta o seu ingresso por meio do nosso site ou app.