Quem é Isaiah Bradley, o primeiro Capitão América negro

[Cuidado! Artigo recheado de spoilers de Falcão e o Soldado Invernal]

Afinal, quantos personagens já assumiram o posto de Capitão América? Quem é fã dos quadrinhos já tem essa resposta faz tempo, mas só agora a Marvel Studios passou a explorar, com mais profundidade, essa questão.

Em Falcão e o Soldado Invernal, do Disney Plus, acompanhamos a jornada de Sam Wilson (Anthony Mackie) para que, ao que tudo indica, ele se torne o novo Capitão América.

Ao longo da trama, descobrimos que existem outros supersoldados que foram submetidos aos mesmos experimentos que Steve Rogers (Chris Evans) e Bucky Barnes (Sebastian Stan). No segundo episódio da série, conhecemos Isaiah Bradley, um desses combatentes norte-americanos que possui um dos passados mais polêmicos da Marvel.

Quem é Isaiah Bradley?

Nos quadrinhos, Isaiah Bradley foi a primeira pessoa a assumir o manto do Capitão América, logo depois de Steve Rogers. Vivido pelo ator Carl Lumbly, essa é a primeira vez que o personagem é representado em um live-action. Nas HQs, Isaiah lutou durante a Segunda Guerra Mundial, diferente da trama do streaming, onde seu histórico contempla a Guerra da Coreia.

O supersoldado fez parte de um grupo de mais de 300 homens negros, que serviram como cobaias humanas para os experimentos do supersoro. Após as experiências e algumas missões, Isaiah foi o único sobrevivente do grupo. O governo dos Estados Unidos afirmou que todo o pelotão havia sido morto em combate, para que os horrores sobre os testes desumanos fossem ocultados da sociedade.

Pouco tempo depois, sendo o último supersoldado que restou do grupo, Isaiah foi mandado para uma missão suicida. Ele precisava impedir que o nazista Doutor Kosh, cientista que estava prestes a reproduzir o supersoro, disponibilizasse a fórmula ao exército alemão. Foi durante essa tarefa que o soldado roubou o uniforme de Steve Rogers e assumiu a identidade do Capitão América.

Prisão e representatividade

Embora tenha sido bem-sucedido e matado o Doutor Kosh, Isaiah foi preso, acusado de traição pelo roubo do uniforme de Steve Rogers. Após 17 anos de cárcere, o soldado recebeu o perdão das autoridades. Porém, devido aos efeitos colaterais dos experimentos e aos traumas desse período, ele passou a se comportar como uma criança.

Faith Bradley, esposa de Isaiah, foi uma das maiores responsáveis por sua libertação. Ela nunca acreditou que o marido estivesse morto, e mandou cartas à Casa Branca incansavelmente, aflita sobre o seu real paradeiro. A determinação de Faith foi crucial para que o governo o livrasse dessa injusta condenação.

O supersoldado, além de ter sido o segundo Capitão América, representa um importante papel no universo Marvel. Em segredo, grandes nomes do movimento negro o visitaram: Nelson Mandela, Malcolm X e Angela Davis foram alguns deles. O Capitão América Negro inspirou diversos heróis e cidadãos afro-americanos, e foi lembrado por alguns deles durante o casamento da Tempestade com o Pantera Negra, em Wakanda.

Marvel e o racismo

Na trama de Falcão e o Soldado Invernal, Marvel e Disney parecem caminhar para uma crítica ao próprio universo que ajudaram a construir. Em algumas cenas, Sam Wilson é tratado de forma hostil, enquanto Bucky Barnes recebe uma atenção totalmente diferenciada e positiva.

Além de mostrar os heróis e suas dores e desafios mais humanos, como o racismo enfrentado por Sam, o estúdio se mostra disposto a apresentar ao grande público personagens por vezes esquecidos, como Isaiah Bradley, e toda a potência que sua história pode trazer para o futuro do MCU.

Com três episódios restantes para que os acontecimentos de Falcão e o Soldado Invernal sejam concluídos, seu início se mostrou bastante promissor. Questões sensíveis e socialmente relevantes passam a ser melhor exploradas nessas novas produções, como o luto que acompanhamos em WandaVision. Se a tendência perdurar, a Fase 4 pode ter surpresas ainda mais empolgantes para nos oferecer, tanto nos cinemas quanto no streaming.