A cerimônia do Oscar deste ano com certeza entrou para a história. Após um 2020 marcado por dificuldades na indústria, onde os cinemas estiveram fechados durante a maior parte do tempo por conta da pandemia, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas precisou se reinventar.

O palco principal da cerimônia foi preparado na Union Station, em Los Angeles, e apenas os apresentadores e indicados, com direito a um acompanhante, estiveram presentes. Para aqueles que não se sentiram confortáveis em viajar até os Estados Unidos, outras locações em cidades como Seul, Londres e Sydney foram montadas.

A noite contou com vários momentos marcantes e inéditos. A categoria de Melhor Atriz Coadjuvante foi vencida pela primeira vez por uma sul-coreana, a atriz Youn Yuh-jung, por seu papel em Minari: Em Busca da Felicidade. A segunda estatueta da carreira de Anthony Hopkins, reconhecimento por sua atuação no drama Meu Pai, o consagrou como o artista mais velho a ganhar o prêmio de Melhor Ator.

Entre tantos destaques, um dos ápices da cerimônia foi o disputado prêmio de Melhor Direção entregue para Chloé Zhao, cineasta à frente do aclamado Nomadland - o grande vencedor da noite, com três importantes estatuetas no total: Melhor Direção, Melhor Filme e Melhor Atriz, para sua protagonista, a veterana Frances McDormand.

Mesmo que a cerimônia do Oscar já ocorra há 93 anos, em quase um século de história, esta foi a segunda vez que uma mulher levou a melhor nas principais categorias da premiação - Melhor Direção e Melhor Filme. Há 11 anos, em 2010, a cineasta Kathryn Bigelow foi a primeira a realizar o feito, levando o prêmio em ambas as categorias com o seu filme Guerra ao Terror.

Agora, Chloé Zhao entra para história como uma das poucas a alcançar tal reconhecimento, e além disso, por ser também a primeira mulher não-branca a receber os dois troféus mais disputados da premiação.

Nascida em Pequim, na China, Chloé carrega um histórico de sucesso, com apenas 39 anos de idade. Além de dirigir, Zhao costuma acumular as funções de roteirista e editora de seus trabalhos - isso se repetiu nos quatro longas-metragens de sua carreira.

Depois de alguns curtas, Songs My Brothers Taught Me (2015) foi o primeiro longa da cineasta. Apesar de já demonstrar um enorme talento, foi apenas dois anos depois, com o lançamento de Domando o Destino (2017), que Zhao passou a ser amplamente referenciada como uma promessa da sétima arte.

Com o sucesso nas premiações alcançado por Nomadland (2020) - o longa foi reconhecido no Globo de Ouro, BAFTA, Independent Spirit Award, entre outros -, Chloé Zhao consolida o seu estilo em Hollywood: o elenco de seus três primeiros filmes é formado majoritariamente por não-atores, que interpretam a si mesmos, em dramas que visam retratar diferentes aspectos da cultura norte-americana.

Apesar de ter vivido até os 14 anos em Pequim, e logo depois ter estudado por um período na Inglaterra, Zhao escolheu os Estados Unidos como sua casa. Até hoje, as histórias da cineasta sempre buscaram explorar diferentes nuances do país, bastante apuradas sob um olhar atento de uma mulher estrangeira.

O próximo desafio de Chloé Zhao é mostrar ao mundo a adaptação em live-action de Os Eternos (2021), da Marvel. Novamente atuando como diretora e roteirista, este é o filme mais atípico de toda a sua carreira. Como será que um blockbuster sobre um grupo de super-heróis dos quadrinhos pode ser desenvolvido por uma cineasta acostumada a narrativas tão realistas?

Para quem ainda tem algum receio do que está por vir, Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, disse que a produção é a melhor que ele já assistiu. O trailer talvez nos dê algumas pistas do quão boa essa combinação pode ser - esperamos que a prévia seja lançada em breve! Os Eternos, previsto para estrear no dia 28 de outubro de 2021, é estrelado por Angelina Jolie, Kit Harington, Richard Madden, Salma Hayek e grande elenco.