Afinal, o que significa Snyder Cut?

Um dos assuntos mais comentados desta semana é o Snyder Cut, apelido dado à versão de Zack Snyder para o seu filme Liga da Justiça, de 2017. O longa-metragem chega aos serviços de streaming e VOD nesta quinta (18), e contará uma história sob o ponto de vista particular do cineasta. Mas, afinal, você sabe exatamente o que é esse tão falado corte do diretor?

Quando uma produção cinematográfica é rodada, seguindo seu roteiro e possíveis alterações ao longo das filmagens, as cenas precisam ser devidamente unidas, criando uma narrativa clara e coesa, em um processo de montagem. A seleção e organização do material são feitas por vários profissionais, mas o que vai ser lançado de fato, é chamado de corte final.

Antes de chegarmos à versão que estreia nos cinemas, um dos responsáveis por fazer uma seleção especial é o diretor, uma das figuras mais importantes de todo esse processo. No entanto, muitos produtores e representantes do estúdio também precisam aprovar o que foi escolhido e, o que acaba acontecendo, são mudanças - algumas mais significativas, outras nem tanto - ou cortes em algumas das cenas previamente selecionadas.

No caso do Snyder Cut, além das cenas que já estavam gravadas desde o lançamento de Liga da Justiça, o diretor optou por rodar novas sequências, como algumas passagens do Coringa de Jared Leto, por exemplo.

Snyder esteve à frente do projeto da Warner Bros. por bastante tempo, mas acabou se afastando depois da morte de sua filha. O diretor Joss Whedon, que trabalhou nos dois primeiros filmes dos Vingadores, assumiu a posição, e foi o responsável por concluir os trabalhos até o lançamento do filme nos cinemas.

Agora, depois de um movimento dos fãs para que a versão de Liga da Justiça de Zack Snyder fosse divulgada, teremos um longa-metragem com 4 horas de duração, que promete mostrar algo totalmente diferente do que foi apresentado nos cinemas, para alegria de muitos dos apaixonados pelos personagens da DC Comics.

No entanto, a estreia de um corte do diretor não é um acontecimento exclusivo do Snyder Cut. O mesmo fenômeno já aconteceu com outras produções cinematográficas, e muitos afirmam que o conteúdo lançado posteriormente supera - e muito - a qualidade da versão original. Confira alguns filmes clássicos que também já passaram por situações parecidas:

O Exorcista (1973)

O longa já foi muito bem-recebido pelo público e pela crítica no seu lançamento, ganhando o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e concorrendo na categoria de Melhor Filme. Porém, uma de suas cenas clássicas, onde a menina Regan MacNeil desce as escadas em uma posição bastante assustadora, não constava no corte final.

A versão mais recente de O Exorcista, que contempla o corte do diretor William Friedkin, foi divulgada no ano 2000 e possui 11 minutos adicionais, comparada ao filme lançado originalmente nos cinemas.

Blade Runner: O Caçador de Androides (1982)

Quase 10 anos depois do seu lançamento, em 1991, o diretor Ridley Scott já havia atingido um status superior como cineasta. Aproveitando essa maturidade e reconhecimento, ele decidiu fazer pequenas alterações em Blade Runner.

A narração de Harrison Ford foi excluída e a cena do brilho nos olhos de Rick foi adicionada, entre outras mudanças. Apenas com isso, o filme ganhou uma narrativa mais interessante para aqueles que curtem tramas que deixam algumas dúvidas ou ambiguidades.

Doutor Sono (2019)

Baseado na obra de Stephen King, o longa Doutor Sono nos leva de volta ao Hotel Overlook, palco dos acontecimentos bizarros de O Iluminado (1980). Infelizmente, a sequência desapontou alguns fãs do filme estrelado por Jack Nicholson. Eles disseram que muitos acontecimentos ficaram um pouco perdidos, alegando que o novo longa parecia uma espécie de homenagem ao clássico, porém, um pouco desconexa.

Com um posterior lançamento digital, o diretor Mike Flanagan resolveu esse problema, adicionando cenas que apelam para a memória de O Iluminado com muito mais assertividade e riqueza de detalhes, finalmente construindo com perfeição o arco do protagonista.

O Senhor dos Anéis (2001-2003)

Peter Jackson foi bastante detalhista enquanto esteve à frente da produção de O Senhor dos Anéis. Os três filmes já são extremamente longos, mas, para os verdadeiros fãs da Terra-Média, as versões estendidas são um agradável presente.

Nem todas as cenas adicionadas chegar a ser indispensáveis para um novo entendimento da trama, mas complementam a história e dão mais detalhes ao universo, deixando-o ainda mais rico e complexo.

O Poderoso Chefão Parte III (1990)

Três décadas depois da conclusão da trilogia O Poderoso Chefão, do cineasta Francis Ford Coppola, uma nova versão da história chegou aos cinemas. Em 2020, o corte foi chamado de O Poderoso Chefão - Desfecho: A Morte De Michael Corleone.

Grande parte da crítica e do público acredita que o corte original de O Poderoso Chefão Parte III não está à altura dos filmes que o antecederam. Sabendo disso, Coppola traz um novo olhar sobre a trajetória do personagem de Al Pacino, reorganizando o seu início e entregando um final ainda mais emocionante.