'O Homem Cordial': suspense leva triste realidade do Brasil para as telonas
Inspirado por conceito sociológico, filme critica a cultura do cancelamento
Quando o historiador Sérgio Buarque de Holanda desenvolveu o conceito conhecido como "homem cordial", sua intenção foi definir alguns aspectos e comportamentos típicos do cidadão brasileiro.
Na década de 1930, com o lançamento do livro "Raízes do Brasil", o escritor expôs os pilares do nosso povo e como os afetos e as relações informais ajudaram a construir o famigerado "jeitinho brasileiro".
Embora pensado há quase um século, e passível de problematizações desde então, ainda é possível aplicar o entendimento de Holanda à sociedade brasileira atual, principalmente na última década. Movidos pelas notícias falsas e pela polarização política, a emoção segue sobrepondo a razão em diversos grupos sociais, como identificou o estudioso à sua época.
E foi dentro dessa lógica de comunidade impulsiva, violenta e patriarcal, que o cineasta Iberê Carvalho escreveu e dirigiu "O Homem Cordial", estrelado por Paulo Miklos, ator e vocalista dos Titãs.
Na trama, Miklos dá vida a Aurélio, líder de uma banda de rock em plena turnê. Durante um dos shows, o grupo começa a ser hostilizado pela plateia, e entendemos que um vídeo que viralizou nas redes sociais é o responsável pelo ataque instantâneo e feroz.
Descobrimos, ao longo do filme, que o vídeo em questão mostra Aurélio defendendo Mateus (Felipe Kenji), um menino suspeito de roubo. A partir daí, a atitude do artista e a morte de um policial militar passam a inflar uma revolta digital: ofensas e acusações, acompanhadas da tag #AurelioAssassino, inundam a internet, enquanto o protagonista enfrenta as consequências e parte em busca da verdade.
Em seu segundo longa-metragem para os cinemas, filmado em 2018, Iberê Carvalho faz uma crítica contundente à cultura do cancelamento, às fake news e à carência de pensamento crítico que assola o nosso país. Mesmo que o filme tenha demorado alguns anos para chegar às telonas, e a discussão proposta pelo cineasta já seja mais frequente hoje em dia, as provocações de sua obra seguem atuais e necessárias.
No Festival de Cinema de Gramado de 2019, Paulo Miklos levou o prêmio de Melhor Ator por seu trabalho no longa. O filme também ganhou o Kikito na categoria Melhor Trilha Musical, e vem sendo elogiado pela crítica especializada, desde então.
Além de Miklos, cuja atuação se destaca, o elenco ainda é formado por Dandara de Morais, Thaíde, Thalles Cabral, André Deca, Bruno Torres e Theo Werneck.
"O Homem Cordial" chegou aos cinemas na última quinta-feira (11), e segue em cartaz nas telonas do Brasil - garanta o seu ingresso por meio do nosso site ou app.
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