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Dia do Cinema Brasileiro: 14 filmes para conhecer a história da nossa sétima arte, e onde assistir
Há 126 anos, primeiro registro cinematográfico era realizado no país

Celebrado em 19 de junho, o Dia do Cinema Brasileiro relembra um fato ocorrido há exatos 126 anos: em 1898, pelas mãos do realizador ítalo-brasileiro Afonso Segreto, um cinematógrafo captou as primeiras imagens em movimento das terras brasileiras.
Os registros foram feitos na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e posteriormente exibidos no Salão de Novidades Paris, a primeira sala de cinema do Brasil, localizada no centro da capital carioca.
Ainda que num formato distante do que conhecemos hoje, assim surgiu o cinema por aqui. Por esse motivo, a data foi escolhida para celebrar as produções nacionais, relembrar as dificuldades enfrentadas diariamente por seus artistas e realizadores, e destacar sua importância econômica e cultural.
Quer descobrir outros detalhes e curiosidades sobre a nossa sétima arte? Confira a lista com 14 filmes que vão te ajudar a entender a história do cinema brasileiro:
1 | LIMITE (1931)
Primeiro e único longa-metragem do diretor Mário Peixoto, "Limite" foi rodado em 1930, na cidade de Mangaratiba, Rio de Janeiro, onde hoje existe a Fundação Mário Peixoto, museu que expõe objetos do cineasta.
Lançado no ano seguinte, o filme é um clássico vanguardista e experimental, associado a algumas lendas cinéfilas. Ao longo dos anos, Peixoto afirmou que seu trabalho fora elogiado por grandes diretores, dentre eles, Orson Welles ("Cidadão Kane”) e Serguei Eisenstein ("O Encouraçado Potenkim") - embora, até hoje, nenhuma dessas declarações tenha sido confirmada.
Em 2016, "Limite" foi eleito o melhor filme nacional pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE). Seu reconhecimento também se dá mundo afora: em 2007, o longa foi exibido no Festival de Cannes e fez parte das produções selecionadas pelo World Cinema Foundation. Fundado por Martin Scorsese, o projeto visa a disseminação, preservação e restauração de filmes históricos, produzidos na América Latina, África, Ásia e Europa Central.
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2 | O CANGACEIRO (1953)
A partir dos anos de 1930 e 1940, o cinema dos Estados Unidos ganhou força em todo o mundo, graças a uma série de iniciativas que disseminaram os talkies - os filmes falados norte-americanos - por todo o planeta.
Sua estética, narrativa linear e o quase certo final feliz influenciaram a sétima arte mundial e, no Brasil, não foi diferente. Em 1949, a criação do estúdio Vera Cruz, dotado de equipamentos de última geração e diretores importados, representou um marco na industrialização do cinema nacional e na tentativa de aproximá-lo dos moldes hollywoodianos.
Uma das produções mais notáveis da Vera Cruz foi "O Cangaceiro" (1953), de Lima Barreto, primeiro longa brasileiro a alcançar prestígio internacional, e primeira produção nacional a ser premiada no Festival de Cannes - laureada na extinta categoria de Melhor Filme de Aventura.
O longa conta a história do cangaceiro Galdino (Milton Ribeiro), inspirado em Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, o Rei do Cangaço.
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3 | MATAR OU CORRER (1954)
Assim como o Vera Cruz, a "casa" de Mazzaropi, e o Cinédia, que lançou Carmen Miranda nas telonas nacionais, a Atlântida foi um grande estúdio de cinema brasileiro, responsável por alavancar a carreira de importantes artistas daquele tempo.
Ao logo dos seus anos de atividade, a Atlântida se especializou em chanchadas, filmes cômicos e satíricos, típicos de meados do século 20. A dupla símbolo do estúdio, Oscarito e Grande Otelo, estrelou "Matar ou Correr", sob a direção de Carlos Manga.
Numa explícita paródia ao faroeste hollywoodiano, que já vislumbrava seu declínio, mais pronunciado nos anos 1960, o filme acompanha os infortúnios de um aspirante a xerife, que precisa liderar uma cidade mesmo sem saber por onde começar essa árdua missão.
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4 | DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL (1964)
As fórmulas das chanchadas, apesar de populares, foram se desgastando com o tempo e com o descontentamento demonstrado pela crítica especializada. O país foi, então, tomado por um movimento alinhado a vanguardas europeias, e assim nasceu o famigerado Cinema Novo.
"Rio, 40 Graus" (1955), de Nelson Pereira dos Santos, foi um dos primeiros filmes do movimento, que questionava as tentativas de simulação dos "rótulos" hollywoodianos. Sempre com cunho social e político, o Cinema Novo prezava por lapidar uma estética tipicamente nacional na sétima arte.
Glauber Rocha, um dos maiores cineastas do nosso país e principal expoente do movimento, cunhou o termo "estética da fome", inspirando-se no realismo imposto pelo cenário subdesenvolvido que o rodeava. Ele dirigiu alguns dos filmes que se tornaram símbolos do Cinema Novo, como "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964).
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5 | O PAGADOR DE PROMESSAS (1962)
Primeiro e único filme brasileiro a receber a honraria máxima do Festival de Cannes, a Palma de Ouro, "O Pagador de Promessas" foi dirigido por Anselmo Duarte, baseado na peça teatral de Dias Gomes.
Há quem diga que "O Pagador de Promessas" é um exemplar fidedigno das influências do Cinema Novo, que abraçou cineastas e narrativas sobre o imaginário brasileiro desse período.
Contudo, o resultado do trabalho de Anselmo Duarte, que fez sucesso como ator em filmes da Vera Cruz e da Atlântida, não agradava os cinemanovistas, que o acusavam de não ser "realista o suficiente", devido a técnicas clássicas e ao orçamento alto com o qual seu filme contou. Além disso, os vanguardistas rechaçavam sua trajetória como um ídolo popular, julgando que seu passado o tornaria incapaz de ter suas intenções artísticas igualadas às deles.
Assim, mesmo que seja possível traçar um paralelo entre diversos elementos e críticas contidos em "O Pagador de Promessas" e "Deus e o Diabo na Terra do Sol", por exemplo, a obra-prima de Anselmo Duarte jamais pôde ser devidamente reconhecida pelos precursores do Cinema Novo.
Onde assistir: Globoplay
6 | O BANDIDO DA LUZ VERMELHA (1968)
Ainda que os realizadores do Cinema Novo o vissem como uma vanguarda que dialogava com as camadas mais desprivilegiadas da sociedade, rompendo com o tradicionalismo hollywoodiano, um grupo de artistas se uniu para criar algo, segundo eles, ainda mais alinhado à contracultura e aos movimentos de guerrilha: o chamado Cinema Marginal.
Censurados pela Ditadura Militar, os filmes produzidos por esses cineastas tinham um cunho extremamente agressivo, sexual e violento, escancarando as mazelas que o governo insistia em omitir, por meio de sua política de opressão velada. Era preciso pensar artisticamente de forma revolucionária, sempre em busca de um confronto chocante, gráfico e absurdo.
Dentre os representantes mais importantes do Cinema Marginal, está Rogério Sganzerla, com o longa "O Bandido da Luz Vermelha", inspirado nos crimes do famoso assaltante João Acácio Pereira da Costa.
Onde assistir: Grátis no Youtube
7 | DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS (1976)
Quando se deu o Golpe de 1964, o Brasil enfrentou um dos capítulos mais aterrorizantes de sua história recente: a Ditadura Militar. Foi durante esse período, em 1969, que o governo criou a Empresa Brasileira de Filmes S.A., a Embrafilme, responsável pela produção e distribuição de projetos cinematográficos no país.
A iniciativa, aliada às regulamentações do Conselho Nacional de Cinema (Concine), criado alguns anos mais tarde, promoveu uma conquista de mercado e estimulou a exibição de longas nacionais nas telonas brasileiras - apenas os que passavam pelo crivo da censura, é claro.
Ainda que controverso, o estímulo gerou alguns sucessos de bilheteria. como"Dona Flor e Seus Dois Maridos", dirigido por Bruno Barreto e que levou mais de 10 milhões de espectadores aos cinemas. O recorde perdurou por anos, e só foi superado pelo fenômeno "Tropa de Elite 2" (2010), de José Padilha.
Onde assistir: Looke, MUBI e Globoplay
8 | CABRA MARCADO PARA MORRER (1984)
A partir dos anos 1980, as videolocadoras e o "cinema em casa", proporcionado pela popularização do VHS, fizeram com que as salas de exibição, como um todo, não contassem com um público tão farto como o de costume.
No contexto do Brasil, a crise econômica e o aumento da dívida externa impediam que recursos pudessem ser direcionados à produção nacional, fazendo com que a sétima arte enfrentasse um de seus períodos mais difíceis: não havia dinheiro para fazer cinema, tampouco para pagar pelos ingressos para vê-lo.
Em meio à escassez, filmes de baixo orçamento passaram a ser produzidos, lançados num circuito limitado aos festivais, e ganhando notoriedade mais ampla com o passar dos anos. Dentre eles, "Cabra Marcado Para Morrer", do documentarista Eduardo Coutinho, foi idealizado ainda no período da Ditadura, mas teve suas filmagens interrompidas inicialmente. O trabalho foi retomado 17 anos depois, e o longa figura no quarto lugar da lista dos melhores filmes brasileiros, eleitos pelos membros da ABRACCINE.
Onde assistir: Amazon Prime e Globoplay
9 | CARLOTA JOAQUINA: PRINCESA DO BRAZIL (1995)
O ex-presidente Fernando Collor, eleito em 1989, extinguiu a Embrafilme, o Ministério da Cultura, o Concine e a Fundação do Cinema Brasileiro, dificultando ainda mais a produção nacional.
Contudo, após seu impeachment, em 1992, as iniciativas do governo de Itamar Franco deram início a uma fase conhecida como Retomada. Com a criação da Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual, após o ressurgimento do Ministério da Cultura, foi possível o direcionamento de incentivos para novas produções.
O icônico longa "Carlota Joaquina, Princesa do Brazil", de Carla Camurati, foi o primeiro realizado por meio desses recursos, e é um marco do Cinema da Retomada.
Onde assistir: Até a conclusão deste artigo, o filme não aparecia disponível em nenhum serviço de streaming, compra ou aluguel no Brasil
10 | CENTRAL DO BRASIL (1998)
O período da Retomada foi um dos mais prolíficos do cinema nacional, e o aclamado drama "Central do Brasil", estrelado por Fernanda Montenegro, também é fruto desse momento histórico para a sétima arte nacional.
Dirigido por Walter Salles, o longa concorreu ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, e também levou sua protagonista à cerimônia, na disputa pela estatueta de Melhor Atriz - um grande feito para o cinema nacional, cuja derrota dupla marca uma das maiores injustiças da cerimônia, segundo os cinéfilos.
Onde assistir: Amazon Prime e Globoplay
11 | O AUTO DA COMPADECIDA (2000)
Há muitos anos, a televisão é uma importante aliada do cinema nacional. A popularidade que narrativas e personagens são capazes de alcançar na telinha, pode ajudar a impulsionar produções nas grandes telas - um bom exemplo é o do humorístico "Os Trapalhões", que emplacou quatro filmes derivados entre as maiores bilheterias nacionais das décadas de 1970 e 1980.
A fórmula se repetiu alguns anos depois, e "O Auto da Compadecida" foi, antes de chegar aos cinemas, exibido em formato seriado na Rede Globo. O termômetro televisivo não foi capaz de mensurar o sucesso e o carinho que o público dedicaria à obra, inspirada na peça de Ariano Suassuna. O longa foi um dos primeiros da Globo Filmes, produtora fundada em 1998 e que ajudou o público brasileiro a se reaproximar dos cinemas.
Em dezembro deste ano, exatamente 25 anos após o lançamento da história original, "O Auto da Compadecida 2" chegará aos cinemas, presenteando os fãs com uma nova aventura dos amigos Chicó (Selton Mello) e João Grilo (Matheus Nachtergaele).
Onde assistir: Globoplay
12 | CIDADE DE DEUS (2002)
O favela movie mais reconhecido de todo o mundo, e um dos filmes mais emblemáticos do nosso cinema, "Cidade de Deus" (2002) concluiu o período da Retomada e ajudou a consolidar uma nova fase de fomento à sétima arte nacional - foi no ano de seu lançamento que a Agência Nacional do Cinema (Ancine), autarquia do governo federal, foi regulamentada, suprindo a necessidade da existência de um órgão gestor da atividade cinematográfica, em substituição à extinta Embrafilme.
Com a intenção de retratar o surgimento de uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, trazendo personagens cujas vidas se entrelaçam à história da região que o intitula, um dos diferenciais do filme foi o seu elenco. "Cidade de Deus", dirigido por Fernando Meirelles, trouxe atores e não atores da própria favela e de outras comunidades periféricas cariocas para as telonas: Alexandre Rodrigues, Jonathan Haagensen, Douglas Silva, Seu Jorge e tantos outros nomes fizeram parte da iniciativa, que gerou uma identificação potente na audiência. Em poucas semanas, mais salas de cinema passaram a exibir o longa, que foi visto por milhões de brasileiros.
"Cidade de Deus" não apenas ganhou o público geral, como também foi aclamado pelos críticos e especialistas, sendo exibido e premiado em diversos festivais de cinema mundo afora. A première aconteceu no Festival de Cannes, e ele ainda foi destaque no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, Festival de Cartagena, BAFTA, Globo de Ouro e em outras premiações.
Em 2003, após seu lançamento no circuito internacional, o filme pôde enfim tornar-se elegível para o Oscar. Assim, na cerimônia da Academia do ano seguinte, "Cidade de Deus" concorreu em quatro categorias: Melhor Direção, Roteiro Adaptado, Edição e Fotografia.
Onde assistir: Netflix e Globoplay
13 | MINHA MÃE É UMA PEÇA (2013)
A comédia é, sem dúvida, o tópico mais popular quando se trata do cinema do nosso país. Desde a época das chanchadas até a atualidade, o público nacional adora garantir boas risadas nas telonas - exemplos recentes são "Minha Irmã e Eu" e "Os Farofeiros 2", que figuram no pódio dos filmes brasileiros mais vistos deste ano.
Uma das sagas mais aclamadas do gênero é "Minha Mãe é uma Peça", idealizada e estrelada por Paulo Gustavo, no papel da hilária Dona Hermínia. O primeiro filme do ator, falecido em maio de 2021, deu origem a uma trilogia de enorme sucesso. O último longa da saga, "Minha Mãe é Uma Peça 3" (2019), arrecadou R$ 143,9 milhões nas telonas, e é, até hoje, a maior bilheteria da história do cinema nacional.
Onde assistir: Netflix, NOW e Globoplay
14 | BACURAU (2019)
Fechando a nossa lista, "Bacurau" é a prova de que não é apenas a comédia que tira os brasileiros do sofá e os arrasta para as salas de cinema. Escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, o longa é estrelado por Sônia Braga, uma das musas da sétima arte nacional, e narra um futuro distópico e perturbador, em pleno sertão pernambucano.
"Bacurau" ganhou o coração dos cinéfilos brasileiros, assim como os da crítica internacional. A obra foi laureada com o Prêmio de Júri no Festival de Cannes depois de empatar com o longa “Os Miseráveis”, garantindo ao Brasil um título na disputada categoria.
Dentre tantas reflexões incitadas pelo filme, há uma clara conversa com uma estética do Cinema Novo e do Cinema Marginal, bem como um diálogo com conceitos discutidos por pensadores contemporâneos, como o da necropolítica, relações de biopoder e decolonialismo.
Onde assistir: Netflix, NOW e Globoplay
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