A emocionante história real do cão que inspirou o filme 'Hachiko: Para Sempre'

[ATENÇÃO: ESTE TEXTO CONTÉM SPOILERS DE "HACHIKO: PARA SEMPRE"]

Remake do clássico longa-metragem japonês de 1987, "Hachiko: Para Sempre", filme produzido na China, estreia nesta quinta-feira (18) nos cinemas nacionais.

A produção tocante sobre amor, lealdade e amizade conta com a direção de Ang Xu, que também assina o roteiro, ao lado de Liangwen Li e Lin Li. "Hachiko" é inspirado numa história real, que já foi adaptada outras vezes para os cinemas e conquistou milhões de pessoas em todo o mundo.

CONHEÇA A VERDADEIRA HISTÓRIA DO CACHORRO HACHIKO

No início da década de 1920, o professor e cientista agrícola Hidesaburō Ueno, que lecionava no Japão, pediu que um de seus alunos encontrasse um cão da raça Akita, bastante popular no país, para que o animal pudesse lhe fazer companhia. Em 15 de janeiro de 1924, o cãozinho Hachiko foi levado à casa de Ueno, ainda filhote e bastante debilitado. Ueno e sua esposa Yae cuidaram dele até sua plena recuperação, que só aconteceu depois de alguns meses.

Durante o tempo em que Hachiko esteve sob os cuidados de Ueno e de sua família, demonstrou uma amizade incomparável: sempre esperava o seu tutor na estação de trem de Shibuya, em Tóquio, a qual o professor frequentava para ir e voltar do trabalho.

Contudo, depois de pouco mais de um ano da adoção de Hachiko, em 21 de maio de 1925, Ueno sofreu uma hemorragia cerebral e não resistiu. Segundo Mayumi Itoh, que escreveu um livro sobre o caso, o animal não conseguia se separar de Ueno: “Enquanto as pessoas participavam do velório, Hachi sentiu o cheiro do Dr. Ueno vindo de casa e entrou na sala de estar. Ele se arrastou para baixo do caixão e se recusou a se mover”.

Depois da morte de Ueno, Hachiko esteve sob a tutela de diversas famílias, e acabou ficando sob os cuidados de Kikusaburo Kobayashi, jardineiro de seu falecido tutor. Contudo, ele sempre voltava à estação de Shibuya na esperança de reencontrá-lo: “À noite, Hachiko ficava sobre quatro patas na bilheteria e olhava para cada passageiro, como se estivesse procurando por alguém”, escreveu o professor Itoh.

"Em retrospecto, sinto que ele sabia que o Dr. Ueno não voltaria, mas continuou esperando - Hachiko nos ensinou o valor de manter a fé em alguém", escreveu Takeshi Okamoto, em um artigo publicado em 1982 [via BBC].

Embora os funcionários da estação de trem tenham, a princípio, se incomodado com a constante presença de Hachiko, não demorou muito para que a lealdade do animal comovesse toda a população. Alguns anos depois da morte de Ueno, em abril de 1934, uma estátua de Hachiko, esculpida pelo artista Teru Ando, foi instalada em frente à entrada da estação.

No empobrecido Japão do pós-guerra, uma campanha de angariação de fundos para uma nova estátua de Hachiko arrecadou cerca de 800 mil ienes, uma quantia gigantesca à época. O valor ajustado equivale a 28 milhões de dólares na atualidade, o que demonstra o carinho e o respeito que a população do país dedicava ao cachorro.

A história de Hachiko, que nasceu em novembro de 1923, completou seu primeiro centenário no ano passado. Inúmeros poemas sobre ele foram escritos antes e depois de sua morte, em 8 de março de 1935. Mesmo após 100 anos, Hachiko segue representando o “cidadão japonês ideal” com sua “devoção inquestionável”, diz a professora Christine Yano, da Universidade do Havaí:

“Leal, confiável, obediente a um mestre, compreendendo, sem depender da racionalidade, seu lugar no esquema mais amplo das coisas". A adaptação mais famosa da história é o filme "Sempre ao Seu Lado" (2009), estrelado por Richard Gere.

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