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Em masterclass no Brasil, Coppola elogia o cinema nacional e promove 'Megalópolis', seu novo filme
Longa mais recente do diretor estreia na próxima quinta-feira (31)
Na manhã desta segunda-feira (28), o palco do Teatro B32, em São Paulo, recebeu o renomado cineasta Francis Ford Coppola para uma masterclass, a convite da distribuidora O2 Play. Diante de uma plateia formada por centenas de pessoas, entre estudantes de cinema, jornalistas e outros profissionais da indústria, o diretor esbanjou simpatia numa dinâmica de perguntas e respostas, mediada pela crítica de cinema Isabela Boscov e apresentada por Igor Kupstas, diretor da O2 Play.
A visita do cineasta à capital paulista, que conta com o apoio da Ingresso.com, faz parte das ações de divulgação de "Megalópolis", seu filme mais recente que estreia nesta quinta-feira (31) nas telonas nacionais.
Aos 85 anos, Coppola é uma referência para muitos profissionais do cinema, responsável por clássicos como "O Poderoso Chefão" (1972) e "Drácula de Bram Stoker" (1992). Durante a dinâmica, ele relembrou o período em que desenvolveu "Apocalypse Now" (1979), um de seus trabalhos mais célebres, e revelou que ninguém acreditava na força do projeto:
"Vocês sabem quem é o dono de 'Apocalypse Now'? Não sabem? Eu! Porque ninguém queria. Acabei ficando endividado. Na época, os juros giravam em torno de 21%. Mas as pessoas continuam vendo 'Apocalypse Now' até hoje, e foi assim que eu paguei a minha dívida", explicou ele. Para Coppola, um artista não deve se preocupar com os riscos: "Risco é para os homens de negócios. E se, eventualmente, eles se tornarem trilionários, eles serão infelizes. Não conheço nenhum bilionário que seja feliz", completou o diretor, arrancando risadas dos presentes.
Na sequência, um convidado o questionou sobre o processo de escalação do elenco de seus filmes, e o que um profissional da atuação precisa ter para chamar sua atenção: "Quando eu volto para casa e não consigo tirar aquela pessoa da cabeça, sei que é a pessoa certa", revelou o diretor.
Coppola não poupou elogios ao Brasil, e aproveitou uma de suas falas para enaltecer o legado do cineasta brasileiro Glauber Rocha. Ele recordou o período de exílio do realizador, que precisou deixar o Brasil durante a Ditadura Militar. Na época, Coppola recebeu Glauber em sua casa e, segundo o diretor, o cineasta baiano chorou em seus braços, temendo jamais conseguir retornar à sua terra natal.
Francis Ford Coppola ainda citou os brasileiros Hector Babenco, diretor de "Pixote, A Lei do Mais Fraco" (1980) e o longa "Cidade de Deus" (2000), de Fernando Meirelles e Kátia Lund, grandes títulos da nossa cinematografia. Ele revelou que o favela movie de Meirelles serviu como inspiração para uma das cenas de "Megalópolis", projeto no qual ele pessoalmente investiu 120 milhões de dólares para tirar do papel.
O cineasta também demonstrou insatisfação com o "fazer cinema" da atualidade, comparando a indústria dos dias de hoje a redes de fast-food. Já próximo ao encerramento do evento, Coppola deu um valioso conselho aos realizadores que pretendem escrever seus próprios filmes:
"O segredo que eu aprendi é que, quando você escreve, digamos, sete ou oito páginas, não as leia. No dia seguinte, escreva mais algumas, e ainda não leia. Quando tiver umas cem páginas, espere um dia e, então, releia. Esse é o meu conselho para a escrita criativa: fazê-la regularmente, mas não ler até que você tenha suficiente para poder julgá-la com alguma perspectiva. É assim que eu faço", concluiu Coppola. Diferentemente da maioria dos seus trabalhos, inspirados em obras consagradas, "Megalópolis" traz um roteiro original, escrito pelo próprio diretor.
Na trama de "Megalópolis", que concorreu à Palma de Ouro no 77º Festival de Cannes, Adam Driver ('Ferrari' e 'Infiltrado na Klan') é Cesar Catilina, um artista genial a favor de um futuro utópico e idealista que vive um intenso conflito com o prefeito Franklyn Cicero, interpretado por Giancarlo Esposito ('Breaking Bad' e 'The Boys'). Entre a dupla, está a filha de Franklyn, Julia Cicero (Nathalie Emmanuel), eternamente dividida entre ser leal ao pai ou ao homem que ama, ao tentar decidir qual futuro a humanidade e a cidade de Nova Roma merecem.
Os primeiros rascunhos do longa foram concebidos por Coppola há mais de 40 anos, uma ficção científica protagonizada por um elenco de peso, ainda formado por nomes como Forest Whitaker, Jon Voight, Aubrey Plaza, Shia LaBeouf, Jason Schwartzman, Talia Shire, Grave Vanderwaal, Kathryn Hunter e Dustin Hoffman.
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