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Carla Camurati fala do sucesso de ‘Carlota Joaquina’: ‘Ele tem uma linguagem que envolve as pessoas’ - Ingresso.com
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Carla Camurati fala do sucesso de ‘Carlota Joaquina’: ‘Ele tem uma linguagem que envolve as pessoas’

Junto da produtora, de Marieta Severo e do elenco, a cineasta celebrou o relançamento em 4K nos cinemas e o legado cultural do filme; veja a entrevista

Guilherme Thomaz
15/08/2025 | 16:54Atualizado em: 15/08/2025 | 17:07
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Carla Camurati fala do sucesso de ‘Carlota Joaquina’: ‘Ele tem uma linguagem que envolve as pessoas’

Mais de trinta anos depois de sua estreia, nesta quinta-feira (14), “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” retornou aos cinemas em uma aguardada versão remasterizada em 4K.

Lançado em 1995, o filme apresenta uma crítica bem-humorada à formação do Brasil a partir da história da jovem Carlota, enviada ainda criança da Espanha para Portugal, e posteriormente para a colônia, como parte dos arranjos de poder da monarquia europeia.

Considerado o pontapé da Retomada do Cinema Brasileiro, o longa dirigido por Carla Camurati volta às salas de exibição em um momento simbólico para a sétima arte nacional: o mesmo ano em que o país conquistou seu primeiro Oscar de Melhor Filme Internacional, com “Ainda Estou Aqui” (2024), de Walter Salles.

Para celebrar o relançamento, a Ingresso.com conversou com a diretora, a produtora Bianca de Felippes e outros quatro integrantes do elenco principal: Marieta Severo, Marco Nanini, Marcos Palmeira, e Ludmila Dayer. Logo no início, Marieta, que desempenhou o papel da protagonista, comentou sobre a importância histórica e cultural do longa, lançado em um período de forte retração do cinema brasileiro, projetando como sua nova versão será recebida no cenário atual:

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“Estávamos em uma época de distanciamento do público com o nosso cinema, praticamente não se produziam filmes, nossos mecanismos tinham sido todos dissipados. Foi tudo uma grande surpresa, não havia noção de que estava sendo feito algo que iria ter a simbologia de ser a Retomada do Cinema Nacional. Agora, estamos em um outro momento, inclusive muito especial com filmes premiados. Consequentemente, ‘Carlota’ vai entrar nessa safra riquíssima e positiva. Ele possui todos os elementos para estimular essa relação com a plateia”.

“Assistir ‘Carlota’ hoje não é apenas um convite para ver a história do Brasil, mas também a do nosso cinema, porque esse movimento maravilhoso que vivemos hoje, se originou nesse filme”, reforçou Ludmila – intérprete de Carlota durante sua infância.

Em seguida, Palmeira e Marieta destacaram que a permanência de “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” na memória coletiva se deve, em grande parte, à combinação entre a abordagem satírica e a liberdade criativa conduzidas pela diretora, aliadas ao uso recorrente do filme como ferramenta educativa:

“A força do filme está nesses anos todos longe das telas, mas presente nas escolas, debates, provas de vestibular... ao contar a história do Brasil dessa forma [cômica], a Carla conseguiu atingir a todos os públicos. Não é um filme careta e didático, você entende a narrativa morrendo de rir daquilo tudo, o que é muito bom”, disse Palmeira

“O ponto de partida da Carla, que é a história do Brasil contada, vista e vivida por uma menina na Escócia, foi muito esperto. Ela ouve e começa a fantasiar, a viver, se tornar a Carlota (...) a gente não tinha a intenção de fazer algo totalmente fiel à história brasileira (...) assim surge o hilário Dom João VI, que come coxa de galinha o tempo todo; e essa Carlota que odeia o país (...) Isso tudo a gente pôde fazer com uma liberdade enorme – apesar dos dados serem históricos –, mas com uma visão muito livre dos fatos”, explicou Marieta.

Além do quesito humorístico, Bianca e Carla também ressaltaram o envolvimento coletivo como elemento central para o êxito produção, agradecendo a dedicação da equipe, mesmo diante das limitações orçamentárias e estruturais da época:

“O filme não é nada datado, ele poderia ser feito hoje. A linguagem, tão bacana do jeito que foi construída, é singela, simples e verdadeira. Foi tanta entrega de toda a equipe (...) seis meses de trabalho refazendo coisas e reutilizando materiais – nós não tínhamos verba para comprar –, então, foi um filme feito por muitas mãos e corações”, falou a produtora.

“Foi gratificante ter conseguido isso tudo apesar da dificuldade, tive tanto apoio, tanta gente legal ao meu lado, que alcancei o que eu queria (...) Ele tem uma linguagem que envolve as pessoas – no cinema era uma alegria, as pessoas falavam durante a sessão, tem gargalhada, comentário e sai todo mundo em uma euforia contagiante”, ressaltou a cineasta.

Com o relançamento em 4K, a riqueza estética da produção ganha ainda mais evidência, e Nanini exemplificou como os detalhes se intensificaram nesta nova versão:

“A decoração, o cenário, as cores, tudo isso ficou mais visível, pungente e mais brilhante com o 4K. O filme ficou mais agradável de se assistir. Tem muitos detalhes que foram feitos lá naquela época que foram incrementados. Como exemplo, o papel machê, o celofane, tudo isso foi trabalhado de uma forma linda para transmitir a fantasia que cerca o filme, que, sem querer, envolve também a Chanchada e todo o tipo de comédias populares, mas com uma visão mais sofisticada”.

Sem se prender apenas ao apuro visual, o retorno de “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” aos cinemas oferece a chance de estabelecer um novo diálogo com espectadores que ainda não haviam tido contato com a obra, revisitando as temáticas com um olhar contemporâneo, como explicaram Marieta e Ludmila:

“Independentemente de qualquer geração, a gente tem que lidar com a nossa história, ver que muitas coisas só foram normalizadas agora – por exemplo, essa questão da influência externa, termos em outros idiomas, essa invasão estrangeira que a gente tem, muitas vezes não trazem aspectos tão legais para a nossa cultura e o nosso modo de ser. Isso já estava lá no início quando a Carlota chega ao Brasil de turbante, pois raspou a cabeça devido aos piolhos, e a portuguesa que morava aqui acha que é a última moda da corte e imita. Quantas vezes não fazemos isso e imitamos situações que não são necessárias e nem tão boas assim, o filme toca muito nisso também”, compartilhou Marieta.

“Quando a gente tem a oportunidade de rever de onde viemos, olhar para trás, para nosso ancestrais, e conseguimos ver isso como povo brasileiro mesmo, é uma maneira de nos autoconhecermos para compreender o motivo de tantos comportamentos. ‘Carlota’ não é só interessante como entretenimento, por ser leve, engraçado e rico, mas também como um exercício como pessoa, que permite você se reconectar de um modo especial com o início de nossa história”, falou Ludmila.

Assim como o relançamento convida o público a revisitar o passado, ele também expressa a importância de preservar a memória audiovisual do país. Para Carla e Bianca, esse movimento, cada vez mais frequente, ultrapassa o aspecto técnico e se consolida como um gesto de responsabilidade cultural:

“É extremamente importante recuperar as produções dessa safra do Brasil, os cinemas guardam a história do país, do tempo. Se você pegar filmes dos anos 1940 e 1960, temos toda a nossa história, tudo que vivemos, embora dentro de uma dramaturgia. Então, é essencial ter o nosso acervo de imagens recuperado, independente dos filmes”, ressaltou a cineasta.

“É nossa memória né, nosso país tem uma muito curta. Então, ter ela preservada é muito importante. É muito gratificante ter contado com patrocinadores e toda a equipe que está com a gente há três décadas, unida e feliz com o que foi realizado”, pontuou Bianca.

Por fim, diretora e produtora dividiram percepções diferentes sobre o que esperam do dessa nova fase de “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil”. Enquanto Carla prefere não alimentar expectativas e foca na potência atemporal da obra, Bianca confessa nutrir grande entusiasmo com o relançamento e o impacto que ele ainda pode alcançar:

“Eu nunca gosto de esperar nada. A pior coisa que existe na vida é ter expectativa, porque a tendência é que ela seja frustrada. O aspecto positivo é que o filme está disponível para ser assistido. Eu guardo o desejo – não a expectativa –, de que ele tenha a mesma comunicação que ele teve há 30 anos, já que ele apresenta essa linguagem atemporal”, contou Carla.

“Ao contrário da Carla, eu tenho muita expectativa, especialmente de que a Ingresso.com nos ajude a vender muitos tickets (...) muita coisa mudou em relação ao original, são menos sessões. Você não ocupa mais a mesma sala com cinco exibições, são uma ou duas no máximo. É um outro momento que a gente tem de se adaptar. Esse filme tem muito fôlego e espero que ele seja eterno (...) espero que comprem muitos ingressos na Ingresso.com para nos ver”, finalizou Bianca.

“Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” já está em cartaz nos cinemas – garanta seus ingressos por meio de nosso site ou app.

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