Fervo | Rita von Hunty se emociona com estreia no cinema: "Tive uma crise de choro"

Apesar de todas as dificuldades de se fazer cinema no Brasil, algumas produções nacionais conseguiram conquistar a audiência nos últimos anos. A trilogia Minha Mãe é uma Peça, estrelada pelo saudoso Paulo Gustavo, é um excelente exemplo disso.

O terceiro longa da franquia, além de representar a maior bilheteria da história do cinema brasileiro, possui características que impulsionam o seu sucesso: um humor leve e atemporal, sem deixar de lado a sensibilidade ao abordar temas relevantes como família, relacionamentos e afetos – fórmula repetida com assertividade em Fervo, nova comédia promissora do cineasta Felipe Joffily.

"Estamos fazendo uma história de amor", afirma o diretor da produção, que chega aos cinemas na próxima quinta-feira (19).

Na trama, três fantasmas irreverentes ficam presos em uma casa e assombram os novos moradores na tentativa de finalizarem sua missão na Terra. Os espectros, vividos por Rita von Hunty, Gabriel Godoy e Renata Gaspar, não deixam o casal Leo e Marina (Felipe Abib e Georgiana Góes) reformarem o casarão, que está caindo aos pedaços depois de viver o seu auge nos anos 2000, quando ainda era uma casa de festas chamada Fervo.

Na semana passada, o cineasta Felipe Joffily e os atores Georgiana Góes e Guilherme Terreri, o talento por trás da drag queen Rita von Hunty, concederam uma entrevista exclusiva à Ingresso.com, e contaram detalhes sobre a história e os bastidores.

LENDAS DO CINEMA E DA TELEVISÃO ATUAM NO FILME

Um dos diferenciais de Fervo é o seu elenco estrelado: é possível ver veteranos como Rosi Campos, Suely Franco, Tonico Pereira e Joana Fomm dividindo a tela.

Georgiana e Guilherme não escondem a alegria que sentiram durante o desenvolvimento do projeto, quando puderam estar ao lado de nomes tão importantes da nossa dramaturgia: "Cada vez que eu via a Joana Fomm, eu pensava: meu Deus, a Perpétua! Eu estou trabalhando com a Perpétua!", celebra Georgiana, relembrando a inesquecível vilã vivida pela atriz na novela Tieta (1989), da Rede Globo.

"Um dos grandes lances dessa profissão é a gente poder contracenar com quem a gente admira desde sempre", explica Góes, que já atuou em dezenas de séries, novelas e programas humorísticos, e fez sucesso em filmes como Olga (2004) e Nise: O Coração da Loucura (2016).

Já Guilherme Terreri, apesar de ter experiência diante das câmeras adquirida durante a apresentação do reality show Drag Me As a Queen e dos anos à frente do Tempero Drag, seu canal no YouTube, nunca havia feito cinema. Para ele, atuar ao lado de tantos talentos foi ainda mais desafiador:

"Durante o processo do filme, houve um momento em que o título seria Assombro. E eu acho que essa palavra resume um pouco a experiência, pelo menos a minha: eu fiquei muito assombrado do dia um ao dia último. É a minha estreia no cinema e, de repente, eu estava ao lado da Rosi Campos. E eu só pensei: se controla, Guilherme, você não pode ter um ataque de fã!", se diverte ele, que também é professor e formado em Artes Cênicas.

UM SORRISO COM REFERÊNCIA E SENSIBILIDADE

Responsável por sucessos como Muita Calma Nessa Hora (2010) e E Aí... Comeu? (2012), Felipe Joffily tem muitas comédias em seu currículo. Contudo, o riso não é a única reação que o diretor espera do público que vai assistir a Fervo:

"Estamos fazendo um filme sobre seres humanos, personagens e conflitos", explica Felipe. "Comédia é final feliz e ponto final, e para trás disso existem cenas cômicas, esquetes e tudo mais. Mas elas se dão naturalmente. Às vezes, alguns produtores de outros filmes que fiz me cobravam: 'Poxa, essa cena era mais engraçada escrita'. E aí eu explico: mas ela era menos sensível, sabe?", completa.

Família e solidão, temas que contemplam alegrias e tabus da vida de pessoas LGBTQIA+, estão fortemente presentes na trama. A drag queen Mo Nanji Manhattan, interpretada por Guilherme, é a persona de Samuel, um dos fantasmas que assombram o casarão.

Fora das telas, Guilherme e seu personagem não têm apenas a arte drag em comum: ambos são bastante apegados à família. Há dez anos, o ator perdeu sua mãe e, na trama de Fervo, Samuel também sente a ausência de Sylvia, vivida por Suely Franco. Durante a entrevista, o ator relembra o ensaio de uma das cenas mais marcantes do longa, na qual reencontra a personagem de Franco:

"A minha mãe faleceu em 2012 e, para mim, [a cena] era um monte de camadas, de catarse infinita. E, num dos ensaios com a Suely Franco, eu tive uma crise de choro, e ela também. E no meio da crise, ela segurou a minha mão e disse: vamos parar por aqui. A cena já está pronta", revela o ator, emocionado.

Guilherme e Georgiana afirmam que todo elenco e equipe criaram um elo muito forte durante as filmagens, realizadas no início de 2020. A química se reflete na frente e atrás das câmeras de um trabalho feito "a várias mãos", como definido pelo diretor. A drag de Guilherme no longa é um dos exemplos de personagem construído pela equipe e também pelo próprio ator, que decidiu homenagear um dos maiores nomes da cena da época:

"A Rose Verçosa assina a nossa imagem, e ela teve o cuidado de fazer uma pesquisa rica, ela me escutou muito. Eu ia trazendo as imagens e as referências dos ícones da cena drag dos anos 90 e a Mo Nanji, imageticamente, é uma homenagem à Veronika, que foi a maior drag que a gente teve no Brasil naquela década. Então tem essas histórias da pré-produção, que acabam virando um subtexto, um entrelinhas na tela", conclui Terreri.

Fervo é livremente inspirado no filme francês Poltergay (2006), dirigido por Eric Lavaine. Paulo Vieira, Dudu Azevedo, Júlia Lemmertz, Bukassa Kabengele e Marcelo Adnet também compõem o elenco do longa, roteirizado por Thiago Gadelha.

A produção chega aos cinemas nacionais nesta semana, e já conta com ingressos disponíveis - garanta o melhor lugar na sessão por meio do nosso site ou app.

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