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Overman é ‘Deadpool com Macunaíma’, descreve o diretor do filme sobre super-herói brasileiro - Ingresso.com
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Overman é ‘Deadpool com Macunaíma’, descreve o diretor do filme sobre super-herói brasileiro

Overman é ‘Deadpool com Macunaíma’, descreve o diretor do filme sobre super-herói brasileiro

Longa encerrou as filmagens na semana passada, e a Ingresso.com entrevistou parte do elenco e equipe

Mariana Assumpção
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Num sobrado localizado no centro do Rio de Janeiro, uma geladeira antiga, um sofá surrado e algumas garrafas vazias ajudavam a construir a estética de um humilde quartinho de pensão.

No cômodo, um tanto quanto decadente, Caco Ciocler, Maria Lucas e Victor Lamoglia rodaram cenas de "Overman", longa protagonizado pelo super-herói que dá título ao projeto.

As filmagens foram encerradas na semana passada e, em uma das diárias, a Ingresso.com esteve presente. Na ocasião, alguns membros do elenco e da equipe concederam entrevistas exclusivas sobre o filme.

Criado pela cartunista Laerte Coutinho, o personagem surgiu em tirinhas, ainda na década de 1990, como uma sátira aos estereotipados heróis virtuosos norte-americanos: "Ele é uma mistura de Deadpool com Macunaíma, com Zé Carioca, entende?", descreve Tomás Portella, diretor do longa.

O cineasta, que esteve à frente de sucessos como a série “Impuros”, além de atuar como assistente de direção em "Ensaio Sobre a Cegueira" (2008) e "O Incrível Hulk" (2008), já transitou por diversas temáticas ao longo de sua carreira. Para ele, incluir marcadores do gênero de super-heróis em uma produção nacional é desafiador, mas não impossível:

"O objetivo dele não é salvar o mundo, é ser feliz, encontrar a felicidade dentro da loucura que é ser um super-herói no Brasil. Eu não posso tentar lutar contra os americanos com as mesmas armas que eles usam, porque eles têm 100 milhões de dólares para fazer um filme, sabe? Então a gente tem um meio do caminho, que faz com que a coisa seja, pra mim, muito mais interessante", explica Portella.

"Ele é um super-herói que vive e tem que superar a realidade do Brasil", conclui o cineasta. O vídeo abaixo mostra alguns momentos dos bastidores do filme, e dá um gostinho do que está por vir. Confira:

Caco Ciocler, que interpreta o protagonista, descreve Overman como um personagem ainda mais complexo:

"Eu acho que ela [Laerte] já estava ensaiando uma provocação em relação à masculinidade. O super-herói é, no imaginário dos meninos e meninas, esse super-homem. É um pouco sobre esse lugar do supermasculino", inicia o ator.

"Então, acho que ela já começava, naquela época, a questionar isso: o que é brincar com o imagético desse super-homem? Porque, na verdade, ele é um cara superinseguro", explica Caco, sobre a contradição representada pelo seu personagem.

Para ele, Overman é "grotesco". O ator revela que foi um desafio dar luz à personalidade reativa do protagonista e, ainda assim, equilibrar a sua interpretação, para que ele pudesse ser abraçado pelo público:

"As pessoas têm que comprar o Overman, né? As pessoas têm que gostar dele, de alguma maneira. E ele é rude. Então, como é que faz pra se gostar de um personagem rude? Pra isso, a gente trabalhou toda a fragilidade dele no roteiro: ele faz sessão de análise, por exemplo. A gente puxou muito isso, que já vinha da criação da Laerte, pra poder mostrar esse homem frágil, que se veste com essa masculinidade", conclui Ciocler.

Na trama, Overman está desempregado, com o emocional abalado e sem perspectiva de futuro. Entretanto, sua vida se transforma quando ele recebe um convite do Governador (Otávio Muller) para trabalhar na Secretaria de Segurança Pública, combatendo o crime numa metrópole fictícia.

Para realizar essa nova e desafiadora missão, o super-herói conta com a ajuda de Ésquilo, seu fiel companheiro, vivido por Victor Lamoglia; e com os puxões de orelha de Poline Pilsen, seu par romântico, interpretada pela atriz Maria Lucas.

Victor explica que, para ele, Ésquilo é quem traz o herói de volta aos trilhos: "Sabe aquele amigo que vai jogar as coisas na tua cara, vai te zoar, não vai levar você a sério? Eu acho que o Ésquilo, de certa forma, joga uma realidade na cara do Overman que nem ele entende".

Já Poline, segundo Maria, é tão egocêntrica quanto Overman, mas sabe se encontrar nessa posição de forma bem mais inteligente e madura:

"Nós, mulheres, temos uma educação que já é aprendida desde cedo. E, às vezes, a gente acaba se irritando com essa dificuldade, com uma certa lentidão do mundo dos homens. E a Poline é isso: ela venceu, ela é uma mulher que venceu no mundo dos homens, né? É uma pessoa trans que venceu no mundo das pessoas cis. Então, ela está muito à frente do Overman, em muitos quesitos".

Assim como a sua personagem, Maria Lucas também é uma mulher trans. Com passagens pelo teatro e pela cena drag queen carioca, a atriz e escritora celebra a oportunidade de atuar num longa inspirado nas obras da Laerte:

"Eu venho de uma geração de pessoas trans na qual a gente é sempre a primeira, a única, ou uma minoria. Então, estar num set onde a gente tem uma assistente de direção [Isabella Pereira] que é uma mulher trans, adaptando uma obra da Laerte, que também é uma grande inspiração, acho que configura o lugar onde a gente se encontra neste momento", explica Maria.

Contudo, ainda que ela reconheça e se alegre em ver pessoas trans no elenco e na equipe de "Overman", Maria salienta que "esse lugar ainda é muito pouco":

"A gente tem, por exemplo, a série 'Pose', nos Estados Unidos, que tem uma quantidade enorme de pessoas trans na frente e atrás das câmeras. 'Veneno', lá na Espanha, é outra. Que a gente possa, cada vez mais, ocupar esses lugares como atrizes, escritoras, maquiadoras, enfim. Onde quer que a gente esteja, que a gente possa se ver, ser referência para outras. Uma travesti, uma mulher trans, ela pode ser o que ela quiser", concluiu a atriz.

Iafa Britz, produtora do longa, adquiriu os direitos de "Overman" há quase uma década. Desde então, ela tenta tirar o projeto do papel, mas, segundo ela, o momento perfeito para trazer o super-herói para as telonas é o agora:

"O filme acontece quando ele encontra o seu lugar de fala. Enquanto ele não encontra, ele vai patinando. Mas, quando ele acha as pessoas certas, aquelas que vão falar 'é o meu projeto, é o meu filme', como o Tomás, como o Caco, como os autores... aí, acontece".

Para Iafa, que já produziu fenômenos como a trilogia "Minha Mãe é uma Peça" e "Nosso Lar" (2010), "Overman" tem tudo para cair no gosto do público nacional:

"A gente se identifica com a culpa, com a neurose, com a paranoia, com a mania de perseguição, com o problema no Serasa, com o cartão de crédito que não foi pago, com a questão do aluguel, tudo isso misturado com o padrão de beleza. São coisas que tocam a gente, no final das contas, mas de uma forma muito engraçada e inusitada. É muito bom fazer um herói brasileiro".

O elenco ainda é formado por Karina Ramil (Pâmela, a Mulher Cachorro), Raphael Logam (Dr. Lights), Marina Provenzzano (Pane), Caio Riscado (Maníaco Flatulento), Isabele Riccart (Alexandra) e Saulo Arcoverde (Passador de Trote).

"Overman" é coescrito por Tomás Portella, Arnaldo Branco e Leandro Soares, inspirado nas histórias e personagens criados por Laerte Coutinho. O filme deve estrear nos cinemas no ano que vem, mas segue sem data de lançamento definida, até o momento.

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