Antonio Pitanga fala sobre a experiência de dirigir os filhos em ‘Malês’: ‘Somos um quilombo’

Em cartaz em um amplo circuito desde a última quinta-feira (2), “Malês” chegou às telonas do Brasil para dar luz a um capítulo que, há quase dois séculos, é negligenciado pelo ensino tradicional da história do nosso país.

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Dirigido por Antonio Pitanga, que completou 86 anos recentemente, o longa retrata a Revolta dos Malês, o maior levante organizado por pessoas escravizadas em território brasileiro. Em entrevista à Ingresso.com, Antonio revela o que o motivou a dar destaque a esse momento específico em seu trabalho:

“É uma história que me acompanha desde a infância, eu sou baiano. São histórias que aconteciam numa Bahia que foi a primeira capital do Brasil, o maior entreposto de escravos do Brasil (...) [essa história] não estava nos bancos dos saberes, nas escolas públicas, nos colégios, nos livros… mas estava na oralidade”, introduz o cineasta, que começou a desenvolver o projeto há quase 30 anos. Ele ainda explica que, apesar de estar trabalhando ativamente em outros filmes, sempre sonhou em realizar “Malês”:

“Você vai crescendo e entrando no veio do cinema, da cultura, então, essa ferramenta, por que não [usá-la]? Eu fiz vários filmes: do Cacá [Diegues], Glauber [Rocha], Joaquim Pedro, vários filmes. Mas você tem o seu filme. Eu nunca perdi o foco, o olhar, o ponto de vista Malês”.

Antonio tem a missão de dirigir no filme, entre diversos talentos, Rocco e Camila Pitanga, seus filhos. Ele resume a experiência e compara as relações retratadas na trama ao entrosamento do trio:

“Está tudo integrado num corpo de ancestralidade, de história. Não houve uma questão como: ‘Eu aqui, e vocês aí, que são crianças’. Não, nós somos uma família. Nós somos um quilombo. Nós temos história”, explica, expondo a coletividade que define o processo de desenvolvimento do filme. Assista à entrevista completa de Antonio e Camila Pitanga no vídeo acima.

Distribuído pela Imovision, “Malês” traz Antonio Pitanga na pele de Pacífico Licutan, um dos líderes do levante que defendia a união entre diferentes povos e crenças como o caminho para alcançar a liberdade, num Brasil que ainda levaria décadas para dar início ao processo de abolição da escravatura. A produção também retrata outros nomes reais envolvidos na rebelião, como Ahuna, Manoel Calafate, Vitório Sule e Luís Sanim.

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Na trama, dois jovens muçulmanos são arrancados de sua terra natal durante seu casamento, para serem escravizados no Brasil. Separados pelo destino, ambos lutam para sobreviver e se reencontrar, enquanto se veem envolvidos na insurreição conhecida como a Revolta dos Malês.

Rodrigo de Odé, Bukassa Kabengele, Heraldo de Deus, Thiago Justino, Samira Carvalho, Camila Pitanga, Indira Nascimento e Patrícia Pilar completam o elenco do filme, cujo roteiro é assinado por Manuela Dias (‘A Hora e a Vez de Augusto Matraga’). A direção de fotografia fica a cargo de Pedro Farkas, na produção da Tambellini Filmes em coprodução com a Globo Filmes, Obá Cacauê Produções, Gangazumba Produções e RioFilme.

“Malês” segue em cartaz no Brasil, exclusivamente nos cinemas.