Uma das maiores sambistas do Brasil, Beth Carvalho além de uma cantora emblemática, também era uma grande colecionadora de memórias. Dentre os seus talentos, ela tinha uma sensível capacidade de percepção da realidade que a cercava e fez com que ela própria documentasse inesquecíveis encontros ao longo dos seus 53 de carreira. No documentário Andança - Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho, podemos conhecer a história da cantora por meio dessas filmagens.

Dirigido por Pedro Bronz, Andança é um documentário que traz um compilado de gravações feitas pela própria Beth Carvalho, a "Madrinha do Samba", que contam a história de sua carreira e trazem as presenças de outros grandes nomes da música brasileira como Cartola, Clementina de Jesus, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e muitos outros.

Em entrevista exclusiva à Ingresso.com, o co-roteirista Leonardo Bruno contou como foi o processo de construção do roteiro e os desafios de criar uma história pelos olhos de uma outra pessoa.

"A gente costuma dizer que esse filme é um pouco dirigido e roteirizado pela própria Beth. Porque ela já tinha esse olhar de escolher as imagens que ela ia filmar. De entender um pouquinho que momentos eram importantes", contou o roteirista. "Eu acho inclusive que ela já tinha noção que esses encontros dos quais ela participava já eram encontros históricos e por isso que ela botava pra filmar. Quando ela liga a câmera no quintal da Tia Surica [da Portela], no momento de escolha de repertório, quando ela liga a câmera no aniversário dela, onde estão Elza Soares, João Nogueira, Elizeth [Cardoso] e tantos outros, ela já tinha noção de aquilo era histórico".

Beth é uma figura simbólica do mundo do samba que atravessa gerações e carrega consigo uma grande bagagem de lembranças que foram capturadas pelas as lentes de sua câmera. Além de dirigir, Pedro também assina o roteiro do longa e comentou sobre as dificuldades de selecionar um conteúdo tão rico que a cantora preservava com tanto carinho.

"Foram muitos desafios. Talvez o maior deles seja criar um filme de duas horas quando se tem duas mil horas de arquivos. A cena na casa da Tia Surica, com o material original, tem duas horas. E todas as outras sequências eram ‘filmes’. Então eu acho que o desafio foi fazer a síntese disso."

A dupla ressalta a importância desse material e exaltou o quão importante e "preciosas" eram as imagens e áudios que eles encontraram no acervo da cantora. Leonardo ainda destacou como filme atravessou a vida de Beth e tornou-se um filme sobre a história do samba:

"O que acho incrível, especialmente falando da Beth, porque ela é meio que o elo entre as gerações, então na verdade é um filme sobre a Beth mas é também um filme sobre a história do Samba", destacou Bruno. "A gente tem nesse filme os pioneiros, tem o Cartola, Clementina, Nelson Cavalcanti, tem as pessoas do começo do século passado, que foram as pessoas que criaram o samba, que ela trazia com ela, tem a geração dela, com quem ela se relacionava, com o João Nogueira, Elza, Martinho e outros e tem a geração seguinte, do Zeca, Arlindo, Fundo de Quintal, Almir"

Assim como Bruno, Bronz relembrou os momentos em que a dupla selecionavam o material disponível e quantas vezes eles pareciam não acreditar na riqueza que estavam presenciando:

"O que acontecia era o seguinte, a gente ficava assistindo a esse material e se beliscando. E falávamos: ‘cara, é isso mesmo que a gente tá vendo? Leo, é isso mesmo? A gente tá maluco'. Eu trabalho com edição há um tempo e eu acho que nunca tinha pego um material tão precioso assim."

Andança - Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho chega aos cinemas nesta quinta-feira (26) - exclusivamente nos cinemas. Garanta o seu ingresso por meio do nosso site ou app.

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