Aftersun, da A24, e as memórias entre pai e filha - com as quais (quase) todo mundo se identifica
Com um tom autobiográfico, longa chega nesta quinta (1) aos cinemas
Em algumas entrevistas para divulgar Aftersun, o primeiro longa-metragem da escocesa Charlotte Wells, a diretora e roteirista caracterizou o enredo do filme, produzido por Barry Jenkins (Moonlight: Sob a Luz do Luar e Se a Rua Beale Falasse) como algo "emocionalmente autobiográfico".
A expressão define de forma assertiva a jornada a qual Calum (Paul Mescal) e Sophie (Frankie Corio) compartilham, numa relação terna entre pai e filha. A estrela da série Normal People divide a tela com a atriz mirim de 12 anos, que foi escolhida dentre outras 800 meninas que disputaram o papel.
Aftersun explora as férias da dupla na Turquia, enquanto Calum enfrenta dilemas misteriosos da vida adulta e a pequena Sophie, com 11 anos, dá seus primeiros passos rumo à adolescência. Ambientado nos anos 90, época na qual a diretora viveu sua infância, figurinos e cenários caracterizam o período de maneira notoriamente orgânica.
Para envelopar o mergulho nessa atmosfera noventista, o diretor de fotografia Gregory Oke e a diretora de arte Guzin Erkaymaz usam e abusam de recursos visuais, como cenas filmadas com câmeras caseiras analógicas e tons pouco saturados ao longo de toda a película. Não por acaso, o trabalho de Oke foi premiado no British Independent Film Awards (BIFA) deste ano.
Contudo, mesmo que o fato de promover uma imersão na década de 1990 chame a atenção, as atuações e o roteiro de Aftersun são o que o filme tem de melhor. A começar pelos dois protagonistas, que compartilham de uma química impressionante, e convencem a audiência quando se inserem em momentos de intimidade paternal.
Paul Mescal, que vive um pai em torno dos 30 anos, é visceral nas cenas nas quais o personagem enfrenta seus fantasmas internos. Com um subtexto capaz de instigar dias de reflexão na audiência, as sensações que Charlotte e seu elenco imprimem na obra viram alvo de interpretações incalculáveis - e incrivelmente impactantes.
Desapegado da máxima de que os pais ensinam e cuidam dos filhos de maneira incondicional, o roteiro foca nas fraquezas de Calum e na força da pequena (e precocemente amadurecida) Sophie, papel que parece ter sido feito especialmente para a jovem Frankie Corio, que estreia como atriz na produção. Como memórias de uma Sophie já adulta, interpretada por Celia Rowlson-Hall, os fatos apresentados desafiam o senso comum, humanizando jovens, adultos e suas relações.
Quem for assistir a Aftersun nos cinemas, precisa saber que o longa, antes de ser visto, deverá ser sentido. Os momentos protagonizados por Sophie e Calum, sozinhos ou em parceria, geram identificação instantânea nos privilegiados que puderam gozar da presença de uma figura paterna durante a infância.
O longa, da A24, ganhou o Troféu Bandeira Paulista, principal prêmio da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Distribuído no Brasil pela MUBI, em parceria com a O2 Play, o longa estreia nesta quinta-feira (1) nos cinemas nacionais - garanta o seu ingresso por meio do nosso site ou app.
Agora, além de marcar presença no Instagram, Facebook e Youtube, a Ingresso.com também está no Telegram! Faça parte do nosso canal oficial e fique por dentro das últimas notícias sobre o universo do cinema e da cultura pop - acesse t.me/ingressocom e participe!